Baseado no livro “Timor na Segunda Guerra Mundial – Diário do Tenente Pires” do historiador António Monteiro Cardoso, “Abandonados” retrata uma história esquecida de coragem e de sacrifício sobre-humano durante a invasão japonesa em Timor-Leste,
em 1942.
Ao contrário da propaganda veiculada pelo regime, Portugal esteve envolvido na II Guerra Mundial, na qual se perderam milhares de vidas de portugueses e timorenses. “Abandonados” fala sobre estas vidas, sobre a inédita aliança criada entre portugueses, timorenses e australianos e sobre a luta persistente de um militar então administrador de Baucau.
Fazendo frente a um inimigo implacável que não hesitou em cometer as maiores atrocidades contra as populações locais e contra todos os que se lhe opuseram, o Tenente Manuel Pires tentou retirar o maior número possível de companheiros do território e lutou contra todos os obstáculos e dificuldades, criados inclusivamente pelo próprio governo de Salazar.
“Abandonados” é um filme que mostra os caminhos tortuosos da política e a sobreposição dos interesses dos estados aos interesses individuais, com toda a carga de injustiça e de desumanidade que isso tantas vezes acarreta.
“ABANDONADOS recorda-nos a invasão do Japão a Timor durante a II Guerra Mundial. Este filme tem um enorme significado para Portugal e para Timor- Leste. Mas não só, tem também um grande significado para a Austrália pois algumas centenas de corajosos militares australianos fizeram uma luta de guerrilhas durante cerca de um ano, com assinalável sucesso, contra o invasor japonês.
É uma história de desfecho trágico em que um punhado de portugueses e vários timorenses, resistiram heroicamente nas montanhas de Timor à máquina de guerra japonesa, entre o início de 1942 e finais de 1944. Entre os portugueses abandonados à sua sorte pelo governo de Salazar destaca-se o Tenente Pires e também um pequeno grupo de resistentes, alguns deles deportados por razões políticas para Timor pelo Governo Português, que combateram o exército invasor numa luta desigual, que teve consequências trágicas para a população timorense, que sofreu cerca de 50.000 baixas.
Contar estes acontecimentos é falar de uma história intencionalmente esquecida, de uma tragédia ocultada pelo governo de Salazar e do abandono de que foram vitimas os portugueses e os timorenses. Recordar esse período da nossa história (e de Timor Leste) é dar a conhecer, sobretudo aos jovens, a coragem de alguns poucos contra o poder brutal do agressor, que atuava com o maior desprezo e sem complacência pelos mais elementares direitos das populações.
ABANDONADOS é um filme baseado em factos reais, perdidos no tempo, que evoca a memória daquele punhado de homens que se sacrificaram até ao limite, dos quais o tenente Pires é o exemplo maior, que nunca abandonou aqueles que nele confiaram. Um filme que nos faz refletir sobre a falta de proteção dos civis vítimas dos conflitos armados e sobre o desrespeito total pelos direitos humanos, o que dá a este filme um carácter universal”.
Francisco Manso