Gaza, meu amor é uma doce comédia dramática inspirada numa história verídica que aconteceu em Gaza, em 2014. Quando um pescador encontrou a estátua grega de Apollo no mar, o Hamas confiscou-a imediatamente e procurou um comprador, com a esperança de fazer lucro suficiente para ultrapassar os problemas financeiros do país. Ninguém sabe o que sucedeu à estátua. Alguns dizem que foi vendida e posteriormente destruída num raide aéreo.
Foi verdadeiramente triste perceber que o nosso governo não soube o que fazer com a estátua, além de a soterrar numa cave. Mas, ao mesmo tempo, despertou a nossa imaginação… O que poderia ser mais entusiasmante do que imaginar o Deus do Amor a fazer uma aparição em Gaza, para alterar por completo a vida de um velho pescador solteiro?
Com este filme, tal como nos nossos anteriores trabalhos, procuramos vislumbrar o quotidiano neste pequeno “pedaço de terra” chamado Gaza. É um local estranho, onde as situações mais simples afinal podem ser imensamente complicadas.
Enquanto está preso nesta triste situação, o nosso protagonista encara a vida de uma forma diferente. Issa é um romântico e, apesar das tradições conservadoras do país, da sua idade, e dos intermináveis problemas políticos, luta pelo direito a amar, o que faz dele um verdadeiro resistente.
O tom do filme é engraçado, por vezes sombrio, até amargo, mas acima de tudo, melancólico e ternurento, tal como Issa e Siham. Os seus avanços, recuos e encontros, bem como a progressão da sua história são tratados quase como momentos coreografados, acentuando esta sensação de doçura e melancolia.
Um momento partilhado debaixo de um chapéu de chuva, um olhar trocado no mercado, calças que são pequenas demais, um espeto de sardinhas preparado com todo o amor… As histórias mais bonitas, por vezes, são as mais simples.