“O Nosso Cônsul Em Havana” nos Cinemas em Novembro

A 19 de Novembro, iremos estrear o filme de Francisco Manso, que é uma ficção livremente inspirada no período em que Eça de Queiroz foi Cônsul de Portugal nas Antilhas espanholas.

É do conhecimento geral que José Maria de Eça de Queiroz é considerado um dos mais brilhantes e internacionais escritores da literatura portuguesa, tendo escrito nove romances, vários contos e inúmeros artigos de jornais.

Mas talvez não seja tão difundido que Eça dedicou a sua actividade profissional à carreira diplomática, tendo começado precisamente por Cuba em 1873, daí seguindo para Newcastle e depois para Bristol, onde esteve entre 1874 e 1878. Finalmente, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris, que foi o seu último posto consular.
Chegado a Havana com 27 anos, imbuído das novas correntes ideológicas (a Democracia, o Socialismo e a República) e literárias (o Positivismo e o Realismo) que circulavam pela Europa de então, Eça encontra uma ilha onde se defrontavam duas potências – uma em declínio, a Espanha, outra em ascensão, os Estados Unidos da América – e onde ainda vigorava a escravatura, mas também onde já fermentava o espírito independentista dos cubanos, através de conspirações e pronunciamentos, que culminaram na renúncia da Espanha à ilha, em Dezembro de 1898.

Em Cuba, Eça encontrou milhares de chineses que, acossados pela fome no seu país, embarcavam para a colónia Espanhola, sobretudo a partir do porto de Macau, atraídos para as plantações de cana-de-açúcar por intermediários gananciosos e que os exploravam como escravos.

Ao contrário dos restantes países, que se colocaram à margem do problema (caso da Inglaterra, que se limitou a impedir a saída dos chineses pelo porto de Hong-Kong), o governo português reconheceu a esses chineses a protecção do consulado português, visto que possuíam documentação portuguesa, por terem partido do porto de Macau.

O seu empenhamento em defesa desses chineses (os coolies), e a forma como o cônsul-escritor enfrentou as inúmeras oposições das autoridades locais e dos fazendeiros, são um exemplo invulgar de humanitarismo, num tempo em que ainda não havia instâncias supra-nacionais (tipo Organização Internacional do Trabalho) que zelassem pelos direitos dos mais fracos.

Nesse sentido, Eça foi grande um precursor da Defesa dos Direitos Humanos.

Mas Eça era assumidamente um boémio e sedutor e enquanto está colocado em Havana, não deixa por mãos alheias os seus méritos e vive um amor escaldante com Mollie, filha do General americano Robert Bidwell, com falsa aura de herói da guerra da Secessão dos Estados Unidos da América. Mollie é uma jovem moderna e apaixonada que se sente tão à vontade à mesa do póquer como no jogo da sedução.