“Sophia, na Primeira Pessoa” no Videoclube da Zero em Comportamento

O filme explora, de forma íntima e tocante, a relação de Sophia com a Natureza, com a política, as histórias infantis, o prazer da escuta e da palavra, escrita e oral. Tal como o título sugere, o filme nunca recorre a depoimentos de terceiros, apenas à voz da própria escritora, o que é um desafio empolgante que torna o registo mais intimista.

Recorrendo ao espólio pessoal da autora, a imagens actuais de locais onde viveu ou que lhe foram queridos e a imagens de arquivo de televisão e cinema; utilizando partes da sua prosa e da sua poesia sempre com testemunhos na primeira pessoa; do Porto a Lisboa, da Granja a Lagos, do Atlântico ao Mediterrâneo, da Grécia ao 25 de Abril: as paixões e decepções de uma vida e obra dedicadas à busca pelo real, a liberdade e a justiça.

A propósito do filme, Francisco Ferreira escreveu no Expresso: “É um documentário muito bonito de Manuel Mozos sobre Sophia de Mello Breyner Andresen. E é um retrato necessariamente incompleto, ciente desse limite, mas muito sensível a enquadrar o magnetismo extraordinário de Sophia, no encalço da vida e da obra, da escritora e da mulher, da figura intelectual que também é política.

O filme cruza arquivos, ideias, pensamentos que levaram as imagens de Mozos a outras ideias e lugares, “sem traí-la nem expô-la em excesso”.

Manuel Mozos afirma que “Não queria fazer uma coisa definitiva, mas dar pistas, criar no público o interesse em descobrir mais sobre a poeta, a mulher, a pessoa de causas. O que fui lendo levou-me a perceber levou-me a perceber que esse lado solar de que tanto falam não corresponde à verdade, porque havia nela e naquilo que ela escrevia um lado de violência, de fantasmagoria, de pesadelo. Por muito cheia que fosse a sua vida há nela um lado sombrio, uma grande solidão que estão presentes nos seus poemas. Era uma pessoa muito contraditória e foram essas contradições que me interessou explorar.”

 
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