Pote de Ouro: Nos Copos Com Shane Macgowan

Crock Of Gold - A Few Rounds with Shane Macgowan
Julien Temple, Documentário, Reino Unido, Irlanda, EUA, 2020, 124 min.
Julien Temple, Documentário, Reino Unido, Irlanda, EUA, 2020, 124 min.

Sinopse

O documentário definitivo sobre o ícone da música irlandesa, Shane MacGowan, que explora a vida selvagem e errante do poeta punk mais amado da Irlanda.
Nesta exploração cinematográfica, mergulhamos na existência explosiva de Shane, desde os seus dias de juventude na Irlanda até à sua jornada pelas ásperas ruas de Londres e a sua imersão na cena punk. Desde a formação dos The Pogues até à conquista do universo, descobrimos as paixões de MacGowan, o seu humor e o profundo conhecimento de música, história, espiritualidade e cultura popular. Esta é uma visão do mundo através dos olhos do grande poeta punk com um elenco íntimo de amigos próximos e familiares (como Johnny Depp, Bobby Gillespie ou Gerry Adams), através da lente inimitável e eternamente vibrante de Temple.
“Filmar Shane é como voar através de um arco-íris radioativo, mas no final há um “pote de ouro” à espera de ser descoberto por aqueles que se esforçam o suficiente. Daí o título do filme, que é inspirado na antiga lenda irlandesa de mesmo nome”, afirma o realizador Julien Temple.

Prefácio

Se as gerações futuras procurarem compreender o que foi realmente ser humano e estar vivo no final do século XX, terão dificuldade em encontrar um testemunho mais poderoso e esclarecedor do que as canções de Shane McGowan. Num mundo em que a música se tornou cada vez mais higienizada e incapaz de ir além dos clichés superficiais da emoção humana, as canções de Shane destacam-se com um relevo cada vez maior. Ninguém expôs a alma como Shane McGowan. A sua capacidade única de mergulhar nos recantos mais sombrios da alma humana, e, no mesmo fôlego, encontrar uma transcendência curadora — no amor e nos mistérios sublimes da existência — ajuda-nos a compreender quem realmente somos.
Uma obra crua, sem rodeios e sem vergonha, que reflete todos os muitos mundos que Shane habita — o invisível, o hedonismo, o alcoolismo, Deus, a redenção e o romance, com toda a sua dureza e glória. Através das criações dos Pogues e dos Popes, dos êxitos e fracassos, das consequências da fama. Através dos triunfos e desastres. Do amor, do ódio. Dos abusos do corpo e da sobrevivência milagrosa contra todas as probabilidades. E, acima de tudo, através das canções… Através das incomparáveis canções de Shane, neste filme juntamo-nos a ele e à sua busca interminável pelo tão desejado ‘Pote de Ouro’…

Notas de Intenções

No dia 15 de janeiro de 2018, no National Concert Hall em Dublin, Irlanda, Shane MacGowan celebrou tardiamente o seu 60.º aniversário, rodeado por uma multidão adoradora de fãs, amigos, colaboradores e, nada mais nada menos, do que o Presidente da Irlanda, Michael D. Higgins. No final de uma noite em que muitas das suas canções foram interpretadas por músicos brilhantes de forma sublime, Shane foi distinguido com o prémio de carreira do NCH (National Concert Hall).
Graças ao enorme sucesso da noite, reacenderam-se conversas — entre Gerry O’Boyle, Gary Sheehan e a esposa de Shane, Victoria Mary Clarke — sobre a produção de um documentário dedicado à vida de Shane. Rapidamente surgiram discussões entre as várias personalidades envolvidas nessa noite, incluindo Bono e Johnny Depp. O nome do lendário cineasta Julien Temple veio à baila, e o projeto começou a ganhar forma.
Juntaram-se então os produtores Stephen Malit (London – The Modern Babylon, Hector) e Stephen Deuters (Minamata), juntamente com a equipa criativa de Julien responsável por London – The Modern Babylon e Oil City Confidential: Caroline Richards (editora), Steve Organ (diretor de fotografia) e Jonny Halifax (designer gráfico). Começou assim o trabalho para contar a história do mais amado, temido, enigmático e famoso poeta da música irlandesa.
Ao longo de 2019, realizaram-se várias viagens a Dublin para captar Shane no seu habitat natural, embora apenas algumas tentativas tenham tido sucesso. Foram necessários métodos mais subtis para captar aquelas profundidades honestas e notoriamente difíceis de alcançar em Shane — exatamente o que Julien procurava. Sempre desconfiado das câmaras e de qualquer iluminação desnecessária, Shane revelava-se quando o “menos” se tornava “mais”, rodeado por quem confiava.
Foi através destas conversas com um círculo restrito e especial de pessoas que o filme começou a crescer. Assim, membros da equipa entretanto considerados supérfluos foram dispensados, e entraram figuras como Victoria, Johnny e Gerry Adams — todos, talvez sem surpresa, demonstraram ser os melhores para extrair de Shane aquilo que Julien sabia que o mundo precisava de ouvir.
Com o Johnny, dada a amizade de mais de três décadas, foi possível viajar por qualquer parte da história de Shane. Com o Gerry, o foco esteve mais na Irlanda e na sua história. Com a Victoria, Shane pôde refletir mais sobre a vida a dois, já que ela é a salvadora dos seus dias, numa altura em que este celebrava o seu recente 62.º aniversário.
Tivemos ainda a sorte de entrevistar duas pessoas que conhecem Shane melhor do que ninguém: a sua irmã Siobhan e o pai Maurice. Ambos levaram-nos de volta a Tipperary, onde Shane viveu muitas memórias felizes da infância, com histórias da sua família alargada irlandesa, até aos seus dias punk em Camden, onde a sua vida começou a ganhar forma e sentido.
Siobhan foi também essencial no acesso a fotografias raras de família, muitas das quais nunca antes partilhadas. E assim, através de todos estes elementos, Julien conseguiu mergulhar ainda mais na existência de Shane MacGowan e destacar a multiplicidade de influências e eventos que construíram o homem e o mito.
Combinando esta abordagem, baseada em conversas, com o estilo característico de Julien, que junta arquivos de filmes e música do século XX e início do século XXI em colagens caleidoscópicas, o filme começou a ganhar forma. O Julien tem um conhecimento inigualável sobre a era punk londrina e um arquivo vasto de imagens, muitas das quais filmadas por ele próprio.
O resultado final é uma verdadeira maravilha: um filme que não só se debruça sobre a vida de um dos maiores artistas do nosso tempo, como também insere Shane e a sua obra no contexto mais amplo da história da Irlanda. Pois esta não é apenas a história de MacGowan — é a história da Irlanda no século XX, a história dos conflitos, da música, das palavras, da paixão, do racismo, do amor, do ódio, da religião, da arte. E, no fim, a história da justa rebelião contra todas as correntes da vida e da política que nos tentam prender.
Bem, nem todos podemos ser presos. Muito menos Shane MacGowan.
Produtores

Irascível, intratável, enfurecedor, fascinante, chocante, exasperante, belicoso, comatoso, rabugento, cadavérico, impossível, imparável – filmar Shane é como voar através de um arco-íris radioativo, mas no final há um “pote de ouro” à espera de ser descoberto por aqueles que se esforçam o suficiente. Daí o título do filme, que é inspirado na antiga lenda irlandesa de mesmo nome.
Fazer um filme sobre Shane MacGowan não é tarefa fácil. O mais próximo em que consigo pensar, é um daqueles filmes de David Attenborough. Preparam-se as armadilhas com a câmara, espera-se e espera-se, na esperança de que um dia o leopardo das neves as acione. Quando realmente se consegue capturar a força única da personalidade de Shane, mesmo que por um momento, percebemos que tudo valeu a pena.
Julien Temple, realizador

Há 35 anos que me dedico a fazer este filme. E, conhecendo o Shane há tanto tempo, descobri que o seu amor é incondicional. Por ti, por ele, por quem ele é, por quem tu és e, especialmente, por quem ele se recusa a ser, e por quem ele se recusa que tu sejas. Ele procura a verdade em todas as coisas e não te deixa descansar. A sua amizade pode parecer uma maldição, mas, na verdade, é uma bênção. Ele está sempre presente. É espiritual. É sábio. E sim, honesto. Brutalmente honesto.
Eu já admirava o trabalho do Shane antes de nos tornarmos próximos. Admirava-o imensamente e fui calorosamente acolhido no seu círculo. E, ao longo dos muitos anos que se passaram desde então, vivemos muito juntos. Muito mesmo. Algumas coisas lembradas, outras não. Portanto, na verdade, pode-se dizer que, mais do que apenas ‘fazer’, sinto como se tivesse vivido este filme durante 35 anos. Capturar o Shane desta maneira é, por si só, uma façanha. E assim, o que temos é um dos documentos mais raros: uma visão privilegiada da vida, das palavras e da mente do maior poeta punk da Irlanda. Esperamos que gostem.
Johnny Depp, produtor

Festivais

Associação Nacional de Documentário (EUA), 2021
Prémios Critics’ Choice Documentary (EUA), 2020
Prémios Guild of Music Supervisors (EUA), 2021
Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (Espanha), 2020
Festival Internacional de Cinema Independente IndieLisboa (Portugal), 2024

Prémios

Prémio do Júri, Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (Espanha), 2020

Julien Temple

Julien Temple estabeleceu-se como um dos pioneiros dos videoclips, tendo realizado vídeos de músicas de talentosos nomes como Rolling Stones, Sex Pistols, David Bowie, Kinks, Neil Young, Tom Petty, Janet Jackson, Jimi Hendrix, Pete Doherty, entre outros. Foi também o realizador de várias longas-metragem, incluindo os musicais “Absolute Beginners” e ‘”Earth Girls Are Easy” e “Pandaemonium’”que foi selecionado como o filme de gala no Festival de Cinema de Toronto, em 2000, e vencedor do prémio de Melhor Ator Britânico do Evening Standard para Linus Roache.
Em 2001, o documentário de longa-metragem sobre os Sex Pistols, “The Filth & The Fury”, foi exibido na seleção oficial dos festivais de Sundance e Berlim. Em 2005, realizou ‘Glastonbury’, uma crónica dos últimos trinta anos do festival de música. “The Future Is Unwritten, um filme para celebrar a vida de Joe Strummer, estreou-se no Sundance em 2007.

Na lista dos seus filmes mais recentes, encontram-se “Oil City Confidential”, um documentário sobre os precursores esquecidos do punk, “Dr. Feelgood”, que ganhou o prêmio principal no Festival de Cinema de Turim de 2009, ‘”Imaginary Man”, um filme sobre o compositor Ray Davies e “Kinkdom Come”, dedicado ao seu irmão Day Davies. Em 2010, o documentário de longa-metragem “Requiem For Detroit’”ganhou o prémio Grierson de Melhor Documentário Histórico.
Atualmente, está a trabalhar com o produtor Jeremy Thomas para o filme “You Really Got Me – The Kinks”, a história de Ray e Dave Davies, a brilhante força criativa de amor e ódio por trás da banda lendária.

FILMOGRAFIA
2020: Shane MacGowan in Crock of Gold: A Few Rounds with Shane MacGowan
2019: Ibiza: The Silent Movie (2019)
2018: Suggs and Julien Temple in Suggs: My Life Story
2017: Habaneros
2016: Depeche Mode: Video Singles Collection
2015: The Strypes: Best Thing Since Cavan
2015: The Ecstasy of Wilko Johnson
2014: Rio 50 Degrees
2012: London: The Modern Babylon
2012: Glastopia
2009: Oil City Confidential
2009: The Liberty of Norton Folgate
2008: The Eternity Man
2007: Joe Strummer: The Future Is Unwritten
2006: Glastonbury
2003: The Ancient Forests
2000: Linus Roache in Pandaemonium
2000: The Filth and the Fury
1998: Vigo
1996: Mickey Rourke and Tupac Shakur in Bullet
1991: At the Max
1988: Earth Girls Are Easy
1987: Bridget Fonda, John Hurt, Theresa Russell, and James Mathers in Aria
1986: David Bowie, Patsy Kensit, John Aron, Eddie O’Connell, and Sade in Absolute Beginners
1985: Running Out of Luck
1983: Mantrap
1982:  The Secret Policeman’s Other Ball
1980: Biceps of Steel
1980: The Great Rock ‘n’ Roll Swindle
1979: Punk Can Take It
1978: Sid Vicious: Something Else
1977: Sex Pistols Number 1

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Dossier de Imprensa
Cartaz

Imprensa

Fantástico. Está entre os melhores documentários musicais recentes. Apresenta um forte e sóbrio argumento em que MacGowan é um verdadeiro poeta, um estadista nacional expatriado, e alguém que mudou para sempre a forma como a música tradicional e o rock se podem fundir.
Variety

Julien Temple reúne a velha guarda para um perfil sombriamente reverente da estrela dos Pogues, tão teimoso quanto genial.
The Guardian

Relata a vida e os tempos selvagens do famoso poeta punk… contado com amor, compaixão e humor.
NME

Temple já fez documentários musicais sobre os Sex Pistols, The Clash, The Kinks e The Rolling Stones, entre outros, mas a sua abordagem — simultaneamente reverente e irreverente — nunca foi tão apropriada como aqui.
Sight and Sound (BFI)

Solto e desorganizado, um filme que conta uma história num estilo que se adequa perfeitamente ao seu protagonista.
Eye for Film

Ficha Técnica

Argumento: Julien Temple
Elenco: Shane MacGowan, Siobhan MacGowan, Maurice MacGowan, Johnny Depp, Victoria Mary Clarke, Gerry Adams, Nick Cave, Paul David Hewson (Bono), Bobby Gillespie, Ann Scanlon
Fotografia: Steve Organ
Som: Ben Young
Montagem: Caroline Richards
Produtor: Johnny Depp, Stephen Deuters, Stephen Malit, Julien Temple

Fotos
Trailer