YOON | jɒn | é uma palavra em wolof cujo significado pode ser “caminho”, “lei”, “norma”, “religião”, ou simplesmente “viagem”.
Ao longo dos 4000 km que separam os dois lugares a que chama de casa, um routier senegalês embarca, há anos, numa perigosa e solitária viagem.
Considerado pelo jornal Público como o melhor título português a concurso na edição de 2021 do festival Doclisboa onde recebeu o Prémio Lugares de Trabalho Seguros e Saudáveis patrocinado pela Agência Europeia para a Segurança no Trabalho, YOON retrata a viagem circular e recorrente de Mbaye Sow, um routier senegalês, num antigo Peugeot 504. Os dois lugares a que chama casa, Portugal e Senegal, são separados por 4000km. Numa arriscada e solitária viagem para Sul, reveladora de uma complexa rede de relações e de zonas cinzentas, o caminho de Mbaye Sow revela-se repleto de (des)encontros, obstáculos e vários constrangimentos.
YOON é um roadmovie que retrata a viagem, circular e recorrente, de Mbaye Sow entre Portugal e o Senegal. Na estrada, que Mbaye percorre de dia e de noite, imprevistos e obstáculos vão pautando o ritmo das viagens de constrangimentos, fazendo destas, verdadeiros périplos existenciais.
YOON é um filme de (des)encontros: com as autoridades, com mecânicos, com migrantes, com colegas routiers, com os destinatários das bagagens que transporta, com os potenciais compradores dos carros velhos que conduz, com a família. De forma idiossincrática o personagem apropria-se da estrada como mais do que apenas um meio de subsistência. A estrada é uma fonte de liberdade, aventura, provação, e reconhecimento social. Este é um filme que convida à imersão numa solidão, que é tanto desejada como inevitável, mas que é continuamente interrompida por telefonemas, mensagens áudio, vídeo e texto, trocadas com clientes e destinatários das bagagens, familiares e amigos. YOON é ainda um filme que procura refletir sobre a questão das fronteiras, dos fluxos de bens, ideias e pessoas entre a Europa e África. Nos interstícios das urbanidades periféricas das grandes cidades, encontramos a obsolescência material. Porém, através de routiers como o personagem principal de YOON, somos confrontados com as vicissitudes da produção e destruição material que tem lugar entre nós.