Este documentário aborda aspectos da vida e obra do escritor José Cardoso Pires, dados por ele próprio em entrevistas conduzidas por Clara Ferreira Alves durante o Outono e Inverno de 1997, e em depoimentos de algumas das pessoas que melhor o conhecem e lhe são próximas.
Salomé Lamas, Francisco Moreira, documentário, Portugal, 2009, 70 min.
Este documentário propõe um olhar sobre o universo plástico da artista Ana Jotta.
“Como representar uma intenção artística sem a reduzir ao descritivo?
Como o fazer sem impedir que a intencionalidade do gesto continue a existir nesse espaço de ambiguidade subjectiva em que no fundo se constrói a individualidade de um olhar artístico?
Traçando, pelo caminho, um retrato análogo do mundo de relações da artista e abordando questões paralelas como a possibilidade da interpretação ou da arte como sistema de valor.
A relação dos três (dupla e artista) oscila entre familiaridade, relação mestre aprendiz, objecto e sujeito; a distância e a autoridade de quem filma lançando luz sobre essa urgência maior por detrás do olhar artístico, onde Trabalho e Vida se sobrepõem nessa inquietante perseguição de um propósito maior: fuga do desconsolo, neste sagrado burlesco de um funcionalismo existencial.
Um laboratório documental de limites reflexivos.”
Um quarto vazio. Uma actriz. O que é preciso para fazer um filme? Um argumentista que escreve. Um filme que passa numa televisão. Boy meets Girl. Um encontro entre dois actores. O que se vê de uma janela falsa? Um cenário num estúdio. Um director de fotografia. Uma estrela de cinema. Um argumento. Quando é que um filme acaba? Um realizador. Uma câmara.
Em casa de um doente, uma enfermeira executa maquinalmente os gestos de cuidar: ajeita a almofada, segura-lhe o pulso, lava uma ferida. Teresa é enfermeira há mais de quarenta anos num antigo hospital de Lisboa dedicado ao cuidado de doentes com cancro. Veio de uma aldeia no Alentejo com dezasseis anos para Lisboa. no hospital, um médico lê em voz alta o processo de um doente falecido. nome. Data de nascimento. estado civil. profissão. Diário clínico. com o processo na mão, Teresa dirige-se ao arquivo do hospital e deposita o documento numa caixa onde se encontram outros processos. A caixa é esvaziada e cada processo é carimbado com a letra f por uma secretária que de seguida percorre os diversos corredores do arquivo à procura de lugar onde este deve ser arquivado. Teresa de volta ao Alentejo, canta no coro da casa do povo da terra onde nasceu.
A cidade no começo do cinema. A cidade típica do tempo da ditadura. A Nova Lisboa do Cinema Novo. Lisboa depois da Revolução. A cidade branca dos estrangeiros. Um roteiro geográfico e cinéfilo de Lisboa através de imagens dos filmes e de depoimentos de vários realizadores que filmaram Lisboa.
Alberto Seixas Santos, Ficção, Portugal, 1999, 85'
Numa cidade, milhares de histórias revelam-se simultaneamente. Esta é a história de Cathy e Pedro, Daniel e o seu amigo… A história do casal Cruz, do avô que vem a Lisboa à procura da sua neta que fugiu… A história desta criança abandonada que vem anunciar o fim do mundo. E todos esperarão um novo amanhecer.
Tânia é uma jovem viúva que vive numa aldeia no Norte de Portugal. Rato, o seu filho de nove anos, anda com más companhias. Meteu-se em problemas e vai ser enviado para um reformatório. Para ficar perto do seu filho, Tânia decide fugir com ele para Lisboa. Mas durante a viagem ela vai ter de enfrentar o destino…
Lisboa, Abril de 2006. É inaugurado o casino em Lisboa, numa cerimónia onde afluíram populares e convidados VIP, os primeiros assistindo na via pública ao que se passa e os segundos convivendo numa enorme tenda montada para o efeito; mas ambos esperando o momento em que o casino abrirá as suas portas. qual a diferença de comportamentos entre os dois grupos presentes?
Sérgio passa os dias entre um quarto alugado num hotel barato, sexo anónimo e o seu trabalho na recolha de lixo do sector norte de Lisboa. Mas uma noite os seus olhos deparam-se com o fantasma dos seus sonhos, e ele acorda na obsessão do amor…
Documentário sobre o cancro realizado no instituto português de oncologia de Lisboa a partir do encontro com doentes na vida activa das consultas, dos tratamentos, das salas de espera.
A rotina de um salão e sua cabeleireira deslizam ao som do rádio na periferia de Maputo. Aos poucos surgem outros personagens cujas vidas se interceptam. As imagens conduzem naturalmente a narrativa e levam o olhar a tudo aquilo que dispensa palavras.
Lucas e Isaura são cegos. Eles trabalham e vivem em Maputo, e têm as mesmas aspirações do resto da população.Ambos exercem cargos de responsabilidade e desempenham actividades desportivas e de lazer. Embora estejam perfeitamente integrados na sociedade, Isaura e Lucas enfrentam diariamente barreiras e atitudes negativas.
Alio-me a este golpe de vista para quebrar tabus relacionados com a cultura suburbana Hip-Hop underground. O filme procura absorver o pensamento social de 5 elementos (MC, DJ, B.BOY, Grafitty, Consciencialização) e contribuir para a compreensão social e política do sujeito periférico.
A escuridão silenciosa do quarto é rasgada por uma mensagem de parabéns gravada no atendedor de chamadas. Um despertar brusco para Chico, no dia em que faz 30 anos. Grande confusão: tarde demais para ir ter com a namorada, tarde demais para ir à reunião na Expo 98 e, ainda, uma ressaca de morte.
Fixar o presente de uma paisagem destruída pelo fogo, procurar o que ficou (as cores, as texturas, os silêncios) nos escombros e restos. Vontade de olhar de frente o corpo morto da árvore que ardeu, e perceber o seu lugar na terra onde ainda resta. Observação da passagem do tempo sobre a árvore queimada, e percepção da sua imobilidade.
Local de cruzamento e partilha de culturas presentes em Lisboa, a Praça da Figueira é o ponto de partida de Retratos, um documentário que, através de testemunhos e ambientes, apresenta a diversidade de formas de estar dos imigrantes e dos portugueses de origem africana residentes em Portugal. Ao contrário dos participantes do debate Portugal e os Portugueses vistos pelos Imigrantes (Fórum Gulbenkian Imigração, 2007), em Retratos os imigrantes presentes encontraram tudo menos conforto e facilidade ao imigrarem. Hoje, são canalizadores da riqueza cultural que a sua presença emana no nosso país.
Sangue na Guelra é um documentário sobre o Projeto 12/15, criado pela Escola Intercultural da Amadora para combater o abandono escolar de sessenta alunos entre os 12 e os 15 anos. Neste filme acompanha-se o regresso destes alunos à escola, que agora lhes oferece a possibilidade de interagirem diretamente com o espaço e com os professores para que, contrariando a imagem que têm dela, se sintam mais integrados e aproveitem o que este contexto tem para lhes dar. Ao conhecermos melhor estes jovens e as suas histórias, sem os vitimizar ou exaltar, conseguimos compreender também o quanto a escola pode ser – ou não – um espaço de identificação.
Andam aos pares de porta em porta e entram nas casas de quem os quer ouvir. Discutem as questões da fé, da família, do recato, da religião, da existência. O modelo que perseguem assemelha-se a uma prova pessoal, iniciática, durante os dois anos que passam longe de casa. Os Elderes e as Sisters, jovens missionários do movimento Mórmon, saem do seu país, estudam outra língua e outra cultura, absorvidos por esse espírito de missão. Aspiram ser os exemplos dos rapazes e raparigas perfeitos.
Ana Eliseu e Mathilde Neves, Ficção, Portugal, 2007, 33'
Sérgio, um jovem estudante universitário passa o tempo num café do subúrbio onde mora. a filha do dono do café, Mónica, ajuda o pai atrás do balcão. enquanto dois amigos esperam por eles para irem jantar fora, Sérgio e Mónica discutem a sua situação amorosa, ameaçada pelos receios dela relativamente às diferenças culturais entre os dois.
Os últimos habitantes da Azinhaga dos Besouros, na periferia de Lisboa, não têm direito a ser incluídos no “Plano Especial de Realojamento”. Vivem a demolição do seu bairro, onde irá ser construída uma via rápida.
João Pedro Rodrigues, Documentário, Portugal, 1998, 54'
A capital portuguesa era, então, presença frequente nos meios de comunicação social em França, em virtude da campanha de promoção da EXPO 98. Um ano depois, nas férias de Verão, João Pedro Rodrigues volta a filmar esta família emigrada em França num périplo pelas zonas históricas da capital, pelos arredores da cidade, na visita que fazem à Expo ou ao Estádio da Luz.
Todos os anos vêm a Portugal milhões de turistas à descoberta de um país, um povo e uma cultura. Muitos vão contactando com vários guias-intérpretes incumbidos de os guiar nessa descoberta. Estes guias transmitem uma história e uma identidade nacional. A forma como constroem essa narrativa, recorrendo a elementos e conhecimentos das mais diversas origens, aponta, antes de mais, para a ideia que temos de nós mesmos e para como nos queremos apresentar aos outros. Este filme toma como ponto de partida a construção dessa identidade e a sua leitura.